Originalmente publicado em Rede Manual
Nomes estranhos em letras miúdas de apertar os olhos e franzir a testa. Essa é a reação de quem tenta ler (e entender) os rótulos dos produtos de limpeza no supermercado. Afinal, o que é alquil benzeno sulfonato de sódio? E qual a reação deste e de outros componentes em nossa pele, olhos e meio ambiente já que, o produto vai se misturar à água que será levada aos nossos rios? Simplesmente desconhecemos. Sem falar na quantidade de embalagens consumidas semanalmente.
Uma pesquisa feita pela Reds (Research Designed for Strategy) em parceria com o CIP (Centro de Inteligência Padrão), divulgada há três anos, apontou: a preservação ambiental é o critério mais valorizado por consumidores na hora de comprar produtos de limpeza no Brasil. Um total de 42% dos entrevistados – homens e mulheres na faixa dos 15 aos 70 anos – levam em consideração a postura ecológica da marca. E no caso da composição química de um amaciante, detergente, lava-louças, e outros itens para limpar nosso lar doce lar? Como deveria ser essa fórmula para não poluir o meio ambiente nem causar danos à saúde de crianças, adultos e animais de estimação?
Segundo o doutor em química pela Universidade de São Paulo (USP) Renan Pioli, no momento da escolha das matérias-primas, as marcas precisam levar em consideração alguns cuidados. Tais como: a biodegradabilidade do produto; o índice de vegetalização (qual a porcentagem de carbono de fonte natural) e se esta é de uma fonte renovável; além do impacto causado para o meio ambiente na extração da matéria-prima. Critérios que foram adotados pela marca brasileira YVY, parceira da Rede MANUAL, presente na edição de Natal do MERCADO MANUAL, dias 7 e 8 de dezembro, no Museu da Casa Brasileira.
“Os produtos de limpeza da YVY têm basicamente em sua formulação tensoativos derivados de semente de palma. Como ativos nós temos os famosos terpenos, dentre eles o limoneno, muito encontrado na casca da laranja e outros terpenos modificados por uma tecnologia patenteada que aumentam as propriedades de limpeza dos terpenos”, explica Renan, químico responsável pela fórmula dos produtos da YVY.
UMA QUESTÃO DE SAÚDE
Produtos de limpeza sem componentes que agridam o planeta também não fazem mal à saúde humana e dos nossos bichos de estimação. Problemas de alergia e de pele também são comuns entre as pessoas que têm mais contato com produtos tradicionais, desenvolvidos com base em ingredientes da indústria petroquímica. Segundo o químico Renan Pioli, para que o desinfetante chegue ao seu estado final, por exemplo, são necessários diversos processos químicos e a adição de elementos sintéticos em sua lista de ingredientes. E quando esses compostos entram em contato com organismos mais sensíveis, como os de bebês e até mesmo de animais, é provável que uma reação alérgica possa acontecer.
“Esse cuidado que temos com a escolha de matérias-primas para a formulação dos produtos, inclusive escolhendo ingredientes que sejam largamente utilizados na indústria de personal care (cosmética), mostra a preocupação que temos com as pessoas e animais que estão direta e indiretamente em contato. Também realizamos todos os testes de alergenicidade para garantir e comprovar cientificamente que nossos produtos têm essa propriedade”, destaca.
Como todos os produtos da YVY são hipoalergênicos, o contato direto com a pele ou olhos não causa nenhum mal à saúde. No entanto, a ingestão acidental é algo sério. “Muitas vezes há um descuido dos pais e os filhos ingerem. Os produto convencionais podem trazer danos irreversíveis à saúde, mas os produtos da YVY não causam. Lógico que há um limite, mas em casos involuntários não há com o quê se preocupar. Por questões de segurança sempre recomendamos que quando um produto seja ingerido procure ajuda médica”, orienta Renan Pioli.
MENOS EMBALAGEM, POR FAVOR
Outra questão importante a ser avaliada na escolha do produto que vai limpar sua casa, roupas e louças é a embalagem. Se todos os amaciantes e sabões líquidos e em pó fossem trocados por concentrados ou compactados, haveria uma diminuição de 27% na pegada de carbono e de 25% na energética, segundo estudo da Associação das Indústrias do Setor de Limpeza (Abipla), divulgado em 2018. Essa decisão reduziria o volume e a quantidade de embalagem gerando menos resíduo plástico no planeta. Além disso, pouparia o volume de transporte das mercadorias diminuindo, dessa forma, a emissão de gases poluentes.
No caso da YVY, os produtos de limpeza são concentrados e vêm em cápsulas vendidas por assinatura conforme a necessidade do consumidor. “Diferente de outras cápsulas do mercado, nós tiramos a embalagem de circulação. Nossa economia com o uso da embalagem permanente (borrifadores) e das cápsulas é de 2/3 em relação ao mercado. Além disso, para eliminarmos ao máximo o plástico de uso único e assumir a responsabilidades por toda a cadeia produtiva, realizamos a logística reversa das cápsulas sem custo para nossos assinantes”, disse Marcelo Ebert, CEO da YVY, em entrevista à Rede Manual.
ECONOMIA VERDE
Os produtos concentrados ou comprimidos, como é o caso de alguns produtos de limpeza e higiene, usam embalagens menores e têm rendimento equivalente ao de produtos diluídos. Essas embalagens, portanto, são produzidas com menor uso de energia e consumo de matéria prima. Por serem menores, ocupam menos espaço no armazenamento e no transporte, o que leva a uma redução na emissão de gases de efeito estufa associadas a cada embalagem, pois mais unidades podem ser transportadas de uma vez.
Além disso, gerarão um volume menor de resíduos para envio para reciclagem. Como os produtos concentrados custam mais barato que os diluídos, e dão o mesmo rendimento, acabam por representar uma economia financeira para o consumidor. Se uma família de 4 pessoas substituir a versão diluída de três produtos* em sua residência por sua versão concentrada ou comprimida, economizará mais de R$ 110 por ano, quantia que, se aplicada em uma poupança**, poderá acumular mais de R$ 33 mil ao longo de 50 anos.
*amaciante, sabão líquido para roupas e desodorante (antitranspirante).
**taxa de juros 6% a.a.
(Fonte: Instituto Akatu, 2019)
Texto e edição: Maju Duarte
Fotografia: Um Estúdio e Estúdio Barbarella